O narrador desta novela é Teodoro, bacharel e amanuense do
Ministério do Reino. Mora em Lisboa, na pensão de D. Augusta, na Travessa da
Conceição. Leva uma vida monótona e medíocre de um pobre funcionário público
que suspira por uma ventura amorosa, por um bom jantar em um bom hotel, porém
ele tem pouco dinheiro.
Teodoro não acredita no Diabo nem em Deus, mas é
supersticioso e reza a N. Sr.ª das Dores.
Um dia descobre, numa feira um livro com a lenda do
Mandarim, segundo a qual um simples toque de campainha, a uma certa hora,
mataria o Mandarim e faria dele herdeiro dos seus milhões. O Diabo aconselha-o
a tocar a campainha. “Tocará a campainha e será rico”!
Começa então, uma vida de luxúria e dissipação. As mulheres
são o seu fraco. Porém é traído por Cândida, que o troca por um Alferes. Logo
se aborrece permanecendo em si o sentimento de culpa do Mandarim que ele
assassinara.
Viaja pela Europa e Oriente. Depois, decide partir para a
China, pensando em compensar a deserdada família do falecido Mandarim. Tudo
corre mal. Tenta em vão fugir dos remorsos.
Regressando a Lisboa tem visões com o Mandarim. Então ele
acaba por pedir ao Diabo que ressuscite o Mandarim e o livre da fortuna.
Teodoro deixa a sua fortuna ao Diabo, em testamento. Volta à sua vida de
aborrecimento e saciedade, considerando finalmente, que "Só sabe bem o pão
que dia-a-dia ganham as nossas mãos".
As personagens: É magnífica a magistral caracterização das
personagens feita nesta obra. O autor manobra, de tal modo, as suas personagens
que, chegamos a pensar que elas não passam de meros fantoches manobrados a
capricho do seu criador.
Como em toda a obra queirosiana, a caracterização das
personagens enquadra-se na filosofia de vida da sociedade portuguesa, deixando
transparecer através da linguagem utilizada na descrição de ambientes, em
pequenos pormenores habilmente selecionados e passando pela ação, a intenção de
caricaturar numa personagem toda uma classe social.
Teodoro: Protagonista do romance, bacharel amanuense do
reino, ganhava 20.000 réis por mês e vivia numa casa de hóspedes, na Travessa
da Conceição, nº 106, em Lisboa. Levava uma vida pacata e monótona. Era magro e
corcovado - hábito seu, pelo muito que se vergara perante os mestres da
Universidade e os diretores da repartição. A sua ambição reduzia-se a desejos
fúteis de bons jantares, em restaurantes caros, de conhecer viscondessas belas,
etc. Considera-se um "positivo". É um descrente, mas é supersticioso,
pois reza todos os dias à Nossa Senhora das Dores. Enfim, é um representante
típico do burguês nacional, medíocre e frustrado de baixos valores morais.
D. Augusta: É uma personagem na obra. Dona da casa de
hóspedes na Travessa da Conceição, em Lisboa, onde vivia Teodoro. Era viúva do
Major Marques. Em dias de missa costumava limpar com clara de ovo a caspa do
tenente Couceiro.
Ti Chin-Fu: o mandarim assassinado por Teodoro. Embora não
faça nenhuma ação no conto, nenhuma fala, é de importância fundamental na obra.
Representa a vítima perfeita: é distante do seu algoz (ele não conhece Teodoro,
bem como vive em uma cultura antípoda à do bacharel) é enormemente rico e sua
morte é extremamente vantajosa para o assassino. Malgrado tudo isso, a sua
inocência perante o mal gratuito que sofreu, para o qual não contribuiu em
nada, trouxe angústia e desencanto a Teodoro, deixou a vida do ex-bacharel em
ruínas.
O Diabo: o Diabo veste aqui roupas da época descrita,
querendo mostrar que o mal, na verdade, está bastante próximo do homem, até se
confunde com ele mesmo. O Diabo é feito à imagem e semelhança do homem. O homem
e o Diabo identificam-se, até mesmo para que as suas incitações tenham maior
força. A obra mostra que o poder do Diabo só funciona em combinação com o lado
negro do homem.
Vladimira (generala): mulher do general Camilloff, e amante
de Teodoro por um breve período. Alta, magra, delicada, é uma representação de
um tema caro ao realismo: o adultério, como forma de revelar ao leitor a
hipocrisia e a traição humana.
General Camilloff: é representante do Império na China.
Durante a ida de Teodoro à China, tornaram-se amigos. A sua lealdade para
Teodoro era sincera, e até mesmo Teodoro via nele um homem de bem, embora não
pudesse evitar traí-lo com um triângulo amoroso com a esposa do General,
Vladimira. Representa aqui mais um falhanço moral de Teodoro ao ir para a
China.
Sá-Tó: intérprete de Teodoro durante a viagem na China.
Aluno: Diego Dos Santos Serra..








